Um dos mais importantes realizadores e produtores de televisão e cinema do país, várias vezes premiado aqui e no exterior, além de bem-sucedido publicitário, Guga de Oliveira conhece tudo sobre a arte e o negócio audiovisual, inclusive o que rola por trás das câmaras e pranchetas. E é lá que ele vai buscar as histórias mais saborosas deste seu revelador, divertido e emocionante livro de memórias. É claro que traços marcantes da personalidade de Guga, como a irreverência desbocada e a fina ironia, estão presentes em cada página do livro. Não surpreenderá ninguém. O que talvez surpreenda a quem não conhece o Guga na intimidade é a extrema, enternecedora sensibilidade, mal disfarçada por detrás da máscara do malandro durão, com que ele recupera lembranças da infância e da juventude, do relacionamento com a mãe, dona Kina, com o irmão Boni, com os filhos e com a companheira Valéria. Logo para começar, o capítulo em que, com grande domínio da melhor técnica narrativa, Guga nos apresenta a "O outro lado", sua recente epopeia de cem dias pela sobrevivência, após um enfarte e várias paradas cardíacas: "Já conheci o outro lado (...). Dane-se, eu não vou e não posso me dar ao luxo de morrer". A partir daí são mais de quarenta "causos" narrados com a competência que se pode esperar de um consagrado roteirista de cinema e televisão. Um profissional cujo enorme elenco de admiradores começa em casa, como revela o texto de apresentação escrito por sua mulher, Valéria Balbi: "Com humor e inteligência, cada conto tem suas surpresas. São pequenos registros de uma rica história de vida, pincelados estrategicamente pela memória do protagonista. Irreverente, criativo, inesperado, rebelde. Tomara que ele goste da brincadeira, para se dedicar aos próximos livros...". Tomara.

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